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terça-feira, 5 de junho de 2012

Artista Plástico: Márcio Pannunzio

(Foto: Divulgação)

Pérolas Negras

A arte xilográfica de Márcio Pannunzio provém da tradição da xilogravura anônima medieval, relembra os expressionistas, o esforço dos cordelistas nordestinos e incorpora heranças de gravadores europeus que, entre nós, se materializaram, por exemplo, em Oswaldo Goeldi e Marcelo Grassmann.

Mas, na obra de Pannunzio, reconhecido no circuito mundial de gravuras, há a adição de uma inquietude marcante das contraculturas e dos mestres do grotesco, desde Brueguel e Bosch até contemporâneos de comunicação imediata, como Angeli (dos Skrotinhos e da Rebordosa, principalmente), de Robert Crumb e Lourenço Mutarelli.

Fiel à gravura de topo, onde o desenho é escavado a buril e goiva na madeira guatambu (equivalente nativa do buxo europeu), Pannunzio explora flagrantes da bestialidade e da fragilidade humanas para imprimi-los (preferencialmente, em papel arroz) com tramas minuciosas e labirínticas, tirando das matrizes séries com títulos sugestivos, como ... a ânsia de amar a ânsia ..., tristes trópicos ou o triunfo da morte, temas que, em geral, permitem que ele destile seu humor ácido em “bizarros instantâneos”.

Os jogos de poder, o assédio, a promiscuidade e a banalização sexual são motes recorrentes no fabulário de Pannunzio. Em seus labirintos, que refletem a banda podre dos meandros sociais, parece não haver lugar para vacilo, piedade ou para atos gentis, muito menos doçuras ao pé do ouvido. Suas imagens corrosivas desnudam o homem contemporâneo de forma crua e impiedosa.

As gravuras de Pannunzio são confeccionadas geralmente em pequenas dimensões, processadas a partir do entalhe no toco de topo e, com translúcidos papéis especiais, consistem em delicadas jóias, espécie de pérolas negras.


(Paulo Klein)

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